quarta-feira, 22 de maio de 2013

O que importa é mais barato



“Uma das dificuldades para melhorar a saúde pública no Brasil é o insuficiente número de médicos e sua má distribuição sobre o território nacional e para isso um dos seus objetivos seria a interiorização de cursos de medicina para manter um elevado padrão de qualidade”, declarou a presidente Dilma. Não, o número de médicos no Brasil não é insuficiente. Existe hoje cerca de 350.000 médicos no país (1 para 543 habitantes) número superior ao mínimo estimado pela Organização Mundial da Saúde (1 para 1000 habitantes) e formam-se por ano 16,5 mil médicos no Brasil. Mas apesar desses números ainda há escassez de médicos no interior brasileiro, embora não haja falta de profissionais no território nacional. A pergunta que fica é: para onde eles vão?
Recentemente foi divulgado que virão para o Brasil cerca de seis mil médicos de Portugal e Espanha (não mais de Cuba, como foi noticiado na semana passada) para suprir a carência que há em regiões pobres brasileiras. Porém, a estadia desses profissionais é curta e mesmo que, na melhor das hipóteses, eles venham e curem todas as doenças, acabem com toda a desnutrição infantil e apliquem todas as vacinas necessárias, quando forem embora todos esses problemas voltarão, assim como a “carência” de médicos. E o país viverá, novamente, o mesmo caos de agora. Portanto, o problema não é a falta de médicos, e sim (concordando com a fala da presidente), a sua má distribuição dentro do espaço geográfico nacional, e importar mão de obra estrangeira para suprir essa necessidade se mostra uma medida ineficiente.
Porém, é mais fácil para o governo importar médicos que tão pouco sabem sobre as condições de trabalho no norte de Minas Gerais ou no sertão baiano, por exemplo, do que garantir aos profissionais brasileiros condições dignas de trabalho para que não sejam processados por erro médico devido a infiltrações, falta de material de trabalho e má conservação dos postos de saúde; assim como a garantia de salários decentes nessas cidades interioranas em tempo integral e não apenas nos primeiros meses, como acontece.
E para piorar, em recente prova do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, 61% dos alunos formandos foram reprovados. Isso demonstra como o aumento de escolas de medicina fez cair a qualidade do ensino. E o que antes era apenas um problema, agora já são dois: a má distribuição de médicos e a sua má formação.
Mas a pergunta do início do texto ainda não foi respondida: para onde eles vão? Para onde for mais conveniente. Ficou com raiva da resposta? Eleição presidencial é no ano que vem.

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