“Uma das dificuldades para melhorar a saúde pública
no Brasil é o insuficiente número de médicos e sua má distribuição sobre o
território nacional e para isso um dos seus objetivos seria a interiorização de
cursos de medicina para manter um elevado padrão de qualidade”, declarou a
presidente Dilma. Não, o número de médicos no Brasil não é insuficiente. Existe
hoje cerca de 350.000 médicos no país (1 para 543 habitantes) número superior
ao mínimo estimado pela Organização Mundial da Saúde (1 para 1000 habitantes) e
formam-se por ano 16,5 mil médicos no Brasil. Mas apesar desses números ainda
há escassez de médicos no interior brasileiro, embora não haja falta de
profissionais no território nacional. A pergunta que fica é: para onde eles
vão?
Recentemente foi divulgado
que virão para o Brasil cerca de seis mil médicos de Portugal e Espanha (não
mais de Cuba, como foi noticiado na semana passada) para suprir a carência que
há em regiões pobres brasileiras. Porém, a estadia desses profissionais é curta
e mesmo que, na melhor das hipóteses, eles venham e curem todas as doenças,
acabem com toda a desnutrição infantil e apliquem todas as vacinas necessárias,
quando forem embora todos esses problemas voltarão, assim como a “carência” de
médicos. E o país viverá, novamente, o mesmo caos de agora. Portanto, o
problema não é a falta de médicos, e sim (concordando com a fala da
presidente), a sua má distribuição dentro do espaço geográfico nacional, e
importar mão de obra estrangeira para suprir essa necessidade se mostra uma
medida ineficiente.
Porém, é mais fácil para o governo importar
médicos que tão pouco sabem sobre as condições de trabalho no norte de Minas
Gerais ou no sertão baiano, por exemplo, do que garantir aos profissionais
brasileiros condições dignas de trabalho para que não sejam processados por
erro médico devido a infiltrações, falta de material de trabalho e má
conservação dos postos de saúde; assim como a garantia de salários decentes
nessas cidades interioranas em tempo integral e não apenas nos primeiros meses,
como acontece.
E para piorar, em recente prova do Conselho
Regional de Medicina de São Paulo, 61% dos alunos formandos foram reprovados.
Isso demonstra como o aumento de escolas de medicina fez cair a qualidade do
ensino. E o que antes era apenas um problema, agora já são dois: a má
distribuição de médicos e a sua má formação.
Mas a pergunta do início do texto ainda não foi
respondida: para onde eles vão? Para onde for mais conveniente. Ficou com raiva
da resposta? Eleição presidencial é no ano que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário